Conheça os Gamers - Desirreé Schwarcz
A partir de hoje, o Games Complex estará trazendo um espaço para compartilhar o perfil de vários jogadores, apresentar suas opiniões e mostrar ideias novas no mundo dos games. Hoje trouxe para conversar conosco Desirreé Schwarcz, que trabalhou na iniciativa dos livros de crônicas de Materyalis.
Alex Gostaria de apresentar melhor quem irá bater um papo conosco e compartilhar seu perfil, então a primeira pergunta é quem é Desirreé Schwarcz? do que ela gosta, o que ela faz, e como foi seu primeiro contato com games.
Des Eu sou auxiliar de administração. Trabalho no RH e tem gente que me liga e pensa que lá é setor médico e eu sou psicóloga... Amo gatos desde que me entendo por gente. Adoro cozinhar para os outros, especialmente doces. Gosto de cantar mas morro de vergonha então só canto sozinha...e fico torcendo pra alguém ligar um videoke pois assim posso cantar em público sem pagar mico sozinha. Primeira vez em game foi vendo minha irmã jogar. O grupo dela as vezes jogava na nossa casa e embora eu não entendesse aqueles livros todos em inglês eu achava o máximo ver eles jogando, especialmente quando o narrador tentava mudar de voz e fazer os gestos dos npcs. Eu me divertia bastante e meus primeiros personas tiveram muita influência dessa época assim como meu gosto por livros.
Alex Então seu primeiro contato foi assistindo sessões de rpg de mesa. Se não tivesse sido apresentado por ela, acha que você iria acabar por conhecer esse mundo de rpgs sozinha? Também aprecia jogos eletrônicos como de consoles caseiros e de pc?
Des Minha entrada na internet e no rpg da internet foram quase ao mesmo tempo. Quando instalaram internet (discada) resolvi ir pro chat da Uol. Entrei numa sala de por idades e não achei nada legal. Entrei no por cidade e regiões e também não me animei. Acabei indo parar na revista net e topando com um papo de taverna e com um dragão enfiando a cabeça pela janela e conversando numa boa com algum personagem de anime... acho que era o Yuyu... não lembro, mas era tão bizarro que resolvi ficar lendo o jogo e quando me dei conta estava jogando com o Yuyu e Hector...levei um tempo para me tocar que era A Hector (mulher) e não O hector...mas ok no fim de meus minutos de net (contados já que o irmão também queria usar) tinha me tornado a mais nova membro de clã de rpg.....é...foi assim. Quanto aos consoles....Então...nunca fui muito boa em videogames só servia para o meu irmão mais velho ter em quem bater no "Mortal Kombat" e no "Street Fighter". Gostava dos de esporte. Fui viciada em "Jogos de Verão" único em que eu ganhava deles. No pc sempre fui medrosa. Meus irmãos tiravam "Doom" e "Herect" de letra. Eu tinha palpitações a cada corredor. "Resident Evil" veio uma versão demo naqueles CDs de revista. Ainda bem que era a versão demo pois nem sair do primeiro quarto eu consegui. Jogos de nave me deixam tonta. Meu irmão tinha mania de ficar dando pirueta nos jogos de nave só pra eu perder a noção de onde era cima e baixo no jogo e não saber em que direção tinha que voar. eu...O-D-I-A-V-A. Me acostumei a só olhar.
Alex Então, depois de assistir as sessões de rpg da sua irmã, você se viu jogando sessões de rpg através dos chats na internet. Isso é interessante, internet não era algo muito acessível até aproximadamente 2005 dependendo da região das pessoas. Foi fácil arrumar companheiros para jogar com você?
Des Jogar de mesa era mais difícil. Lembro de 2 seções de Vampire que um colega do meu irmão tentou narrar, um de Millenia (tínhamos o livro) que meu irmão tentou narrar para mim e para nossos pais...ok eu era chata com detalhes e ele desistiu, depois disso só joguei de mesa na faculdade umas 2 vezes também. Na internet era mais fácil. só entrar na sala e jogar com quem estivesse. Cheguei na época que os animes tinham estourado na Manchete e também começavam a salpicar no Sbt e na Band. Acho que até na Cartoon tinha anime se não me engano. O chat da Uol transbordava de tudo que é personagem. Eu assistia animes, eu colecionava mangás eu estava por dentro da história de cada um daqueles personagens então me identificava rapidamente com alguns e jogava minha personagem (princesa élfica básica) ali no meio e via no que ia dar. Confesso que não lembro de quase nenhum nome do pessoal com quem joguei.
Alex Antes, mangás, animes, rpg, eram coisas voltadas a um público muito específico. Como se sente sabendo que hoje isso se tornou uma forma de cultura popular? Ou na sua opinião acha que isso não foi importante?
Des Não sei opinar nessa questão. Acho que meu contato foi questão de facilidade de acesso e familiaridade. Tínhamos o Caverna do Dragão passando na Globo que também tinha tentado passar outros desenhos do gênero de fantasia como o "Conan" (de onde tirei o Mydrol) e "Os Piratas de Águas Sombrias". Associei e assimilei eles ao rpg rapidamente desde as primeiras seções que assisti de mesa e online. Também estávamos no boom dos animes na tv. Eu assistia anime de manhã e a noite e ainda gravava pra assistir nos fins de semana! Gravei quase todos os capítulos de Cavaleiros do Zodíaco e de Yuyu Hakusho...e quando fui pra faculdade tinha uma banca de jornal bem na porta do prédio (reitoria da UFRJ). O cara tinha praticamente todos os mangás que estavam saindo no Brasil na época. Chegou ao ponto dele já separar o bolo pra mim sempre que chegavam no início do mês. Eu só passava e perguntava "chegou" e ele puxava o bolo de mangás e me dava. Depois da faculdade parei de comprar mangá. Foi quase instantâneo.Não tinha mais o acesso fácil e me desinteressei. Ainda gosto de anime. Gosto dos traços e algumas histórias parecem legais, mas passou aquela busca furiosa por novos títulos. Estou completamente por fora dos personagens atuais.
Alex Você trabalhou no projeto do Materyalis! O livro foi lançado e está a venda. Qual foi sua participação no projeto? Foi por prazer, ou acha que o mercado brasileiro está começando a aceitar novas iniciativas? Todos os outros como Dungeons & Dragons, Vampire, Gurps entre outros materiais ligados à rpg são todos de fora.
Des ...Materyalis não é um RPG de mesa...ainda. É um RPG de fórum. O livro que foi lançado é baseado no que jogamos entre 2014 e 2015. Eu participei por insistência do Rodrigo que apelou para meu coração de manteiga e implorou para fazer a irmã do personagem dele. Um ursídeo...bem eu preferia que fosse um felídeo, mas ok acabei fazendo a Dotter Manen. Muita coisa foi alterada, algumas linhas soltas tiveram que ser alinhadas. De inicio minha personagem se chamava Nairin, sendo Dotter um "codinome" que brincava com o nome do irmão dela. O Saymon teve realmente muito trabalho para adequar o jogo a uma linguagem mais adequada para publicação. Para ter uma ideia, postávamos cerca de 2 vezes por semana cada. As vezes meia pagina de word as vezes 2 paginas. Com 6 pessoas mais o narrador no projeto eram cerca de 24 páginas por semana que tiveram que ser adaptadas, reescrita e passar por toda uma correção ortográfica e de coerência. Iremos relançar o livro no meio do ano, dessa vez nas livrarias de todo o Brasil. Se formos bem recebidos talvez possamos ressuscitar a ideia de lançar um livro jogo. Chegamos a ter no fórum um card game.
Alex Interessante, no momento, onde podemos conseguir um livro das crônicas de Materyalis?
Des No momento estão esgotados, mas acredito que até julho já esteja a venda novamente. Temos a loja virtual http://www.lojamateryalis.com/home Também estarão nas livrarias pela editora Novo Século.
Alex Para finalizar, vamos tocar em um assunto já manjado, mas que certamente ainda causa polêmica as vezes. Muitas vezes games dos mais variados tipos são considerados coisa de homem ou de garotos. Já houve caso de você ter sido discriminada de alguma forma por ser mulher? Ou fizeram algum tipo de panelinha? Hoje em dia é relativamente comum vermos garotas que curtem games, mas nos anos 90 e 2000 ainda não era comum.
Des Se considerar apenas RPG e jogos de pc acho não. Sempre teve muitas meninas jogando nos chats e fóruns. Jogos de pc como WoW, LoL e outros multiplayer eu nunca cheguei a jogar intensamente a ponto de ter realmente um grupo logo não houve oportunidade de alguém me criticar por ser mulher...já por ser brasileira já fui abandonada numa masmorra de WoW quando perceberam que eu era br.
Alex Realmente, em muitos jogos online tem muito gringo que não gosta de jogar com brasileiros. Mau comportamento em MMO já chega a ser encarado como normal, e aquela risada ''huehuehue'' já se tornou um meme quando algum troll começa atrapalhar de alguma forma. Mas também existe bons jogadores. Você se incomoda com essa visão geral que os gamers de fora tem sobre os gamers brasileiros?
Des Me incomoda que sequer deem uma chance de ver se a pessoa é ou não um troll. No inicio eu ficava mais brava porque eu jogo em um servidor brasileiro, mas depois fiquei sabendo que quando entramos em uma masmorra o jogo ignora o servidor. Um erro deles a meu ver. É um absurdo que eu, jogando num servidor brasileiro, não possa me sentir livre de falar em português.
Por hoje isso é tudo. Espero que tenham gostado, não deixem de acompanhar mais novidades vindas no Games Complex.